19 de mai. de 2009

Prostituição - por Dário Monteiro


Abriram-se as cortinas.
No olhar dela, um misto de loucura, desejo e mistério.
Estava embriafgado na luxúria e no desejo.
O cheiro era de jasmim, florais, não sei mais, as vezes o cheiro vem à minha mente como que semente que se faz presente.
Se naquele momento pudesse desvendar seus pensamentos, talvez, ela nem pensava mais, estava ligada no automático para que fosse menos traumático.
Ela precisava ser desejada, isso diminuiria sua culpa.
Ela precisava dar gargalhadas, isso esconderia sua dor.
Desejei cada centímetro de seu corpo, queria ser seu dono.
Paguei para tê-la por alguns instantes, descobri sonhos, sentimentos, frustrações, ela era um objeto com alma, uma alma corrompida pela fraqueza, uma criança sem colo, sem infância, uma mulher desrespeitada, invadida.
Perguntei o que ela fazia alí, não soube me responder e para sair daquela situação, me fez a mesma pergunta, seguida de um silêncio inconsciente que resumia tudo:
Ela não merecia estar alí e eu também não.

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